Claudio Tavares Araújo

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Talvez nem todos tiveram a oportunidade de ver, na 'Revista Domingo' do Jornal do Brasil, a reportagem sobre o nosso Araújo. Valoroso chefe dos pistinhas da Sociedade Hípica Brasileira, operoso, prestimoso, simpático e eficiente, o Araújo é uma pessoa querida e carismática, reconhecidamente por todos que praticam o hipismo no nosso Estado.

Fica o registro da FEERJ.







Na íntegra, o texto da matéria

Revista Domingo - JB - Pág. 18

C A R I O C A S
ARAÚJO

Baixinho, sem a mão esquerda e cego de um olho, ele é uma lenda no hipismo carioca. nas pistas, volta e meia, é atropelado


Há mais de 30 anos Claudio Tavares Araújo, 78, é o guardião das pistas de provas da Hípica, na Lagoa. Famoso entre os sócios e cavaleiros do clube e reconhecido por quem faz da montaria o seu hobby, Araújo viu Nelson Pessoa Filho crescer em cima dos cavalos, ali mesmo, no clube. "Desde que ele era pequeno, os veteranos ficavam babando", lembra. Melhor ainda que suas histórias é a sua performance nas pistas ­ mesmo com apenas uma das mãos. A outra ele perdeu num acidente com uma granada, na época em que trabalhava no Exército, assim como a visão do olho direito. Com 1,60m de altura e 55 quilos, ele corre de um lado para o outro, carrega obstáculos, faz de tudo. Vira-e-mexe é, literalmente, atropelado por um cavalo. "Eu sou inquebrável. Eles passam por cima de mim, mas nada acontece." Semana que vem Araújo trabalhará dobrado. Afinal, a Sociedade Hípica Brasileira completa 70 anos e vai haver festa. O campeonato internacional e o clássico de aniversário serão abertos ao público.

Como foi o acidente, seu Araújo?
Aconteceu dia 1º de abril de 1974, ao lançar um simulado de granada.

E como o senhor veio parar na Hípica?
Foi em julho de 1976. Tinha duas vagas, uma na pista e outra de professor da escolinha. Vim por que tenho curso de equitação.

Ainda dá para montar?
Só para levar o cavalo quando acaba a prova. Mas de vez em quando um bicho me atropela.

Como assim?
Os cavalos passam por cima de mim. Já machuquei a coluna duas vezes, levei uns cinco coices no rosto. Mas sou inquebrável. Outro dia, eu estava perto do portão e veio um cavalo em disparada. Só deu tempo de me abaixar. O bicho pulou por cima de mim.

E como é a sua relação com os cavalos?
Eu e o cavalo somos um espetáculo. Para mim, não existe cavalo bravo. Acho que nunca se deve dizer "nesse cavalo ninguém monta". É só deixar o bicho livre, fazer carinho.

O senhor é uma lenda no hipismo...
De fato, todo mundo que compete já ouviu falar de mim. Deixa eu lhe mostrar como eu monto os obstáculos... (ele diz e sai correndo pela pista, em disparada).

Como o senhor consegue fazer tudo isso com essa idade e com tantas dificuldades?
Como é mesmo o nome daquele homem com mais de 100 anos? Aquele que desenhou Brasília.

Oscar Niemeyer?
Isso. Oscar Niemeyer. Ele diz que todos os seus amigos morreram por volta dos 80 anos. Mas para pessoas como nós, o segredo é não parar nunca, não se acomodar. E cuidar da alimentação também é importante.


POR ANNA CAROLINA BRAILE

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